POR QUE "CHOVE NOS CAMPOS DE CACHOEIRA" SOBREVIVE AO TEMPO?
(Publicado originalmente como prefácio à oitava edição de "Chove nos campos de Cachoeira", Pará.grafo Editora (2019). Por Edilson Pantoja I “Chove nos campos de Cachoeira” — “Chove,” deste ponto em diante — é o romance inaugural de Dalcídio Jurandir. Ele o escreveu entre os vinte e os trinta anos de idade. Um pensamento de juventude, como disse algumas vezes sobre o romance, após o qual escreveu outros dez ao longo de aproximadamente quarenta anos. Escreveu-os retratos tão pungentes da dura realidade humana, que darão a impressão de fatalismo, pessimismo, e, em alguns momentos, cruéis. Paradoxalmente, o fez com esperança. Dez desses romances, inclusive aquele primeiro, pensamento de juventude, a quem transformará no embrião de uma série, por ele denominada “Extremo Norte”, dedicou à vida do homem paraense: uma série “sobre a vida paraense em termos de fi cção”, repetiu outras vezes. São eles, na ordem sequencial, além do “Chove”: “Marajó” (1947), “Três casas ...